13.1.13



Enquanto Dormes
Título original: Mientras Duermes
De: Jaume Balagueró
Com: Luis Tosar, Marta Etura, Alberto San Juan
Género: Terror
Classificação: M/16
Outros dados: ESP, 2011, Cores, 102 min.



"Segundo Balagueró, os cineastas que se consagram ao cinema de terror (como ele) levam “um dia a dia muito sadio, sem vida obscura ou retorcida”. Ora, isto é algo que não se poderá dizer da criação impressionante de Luis Tosar em “Enquanto Dormes” (de caras, o seu melhor papel). César impressiona de dramatismo e assusta de perversidade, descendo a um nível de sordidez raramente visto e que, sinceramente, não esperávamos encontrar numa produção espanhola. Que um filme de terror recorra a uma personagem assim, tão repulsiva (e, por falar em repulsão, tão polanskiana...), em detrimento de um sobressalto narrativo ou do enésimo efeito especial, já é aspeto digno de nota. Além disso, e longe do efeito surpresa (que já não surpreende) da narrativa em tempo real de “[REC]”, descobrimos aqui um trabalho de mise en scène de uma sobriedade a toda a prova, consciente de quem observa o quê e de quem manipula quem. César tem as chaves de casa dos inquilinos, acesso às suas caixas de correio, anotando os horários a que entram e saem do prédio, em particular os de Clara, mulher sobre quem descarrega a sua complexa psicopatia. A sua única ouvinte é uma mãe acamada, sem reação, que está na cama de um hospital e que ele visita frequentemente. É o horror show de um homem só que, simplesmente, não suporta ver o sorriso dos outros. Balagueró pode partir de uma situação cliché, de um modelo de produção (o da Filmax), consciente de que, para ter êxito aqui ao lado, tem de piscar o olho a códigos da TV (o cinema em Espanha depende dela), mas isso não o impede de assinar um filme de terror muito mais valioso do que todo o lixo do género que os EUA por cá derramam."

"“Enquanto Dormes” estreou-se entre nós ‘de surpresa’, sem alarido nem especial promoção, na primeira semana do ano. Seria uma pena deixá-lo sair das salas no mesmo anonimato." Francisco Ferreira, Expresso de 12/01/2013