A REVOLUÇÃO DE VELUDO, 15 ANOS DEPOIS
Vaclav Havel
Em 1968, o governo comunista checo, de Dubcek, tentou afastar-se da tese da soberania limitada, de Brejnev, então líder soviético, e criar um comunismo de rosto humano.
As tropas do Pacto de Varsóvia, às ordens de Moscovo invadiram a Checoslováquia em Agosto daquele ano, prenderam Dubcek e outros governantes, tendo colocado no seu lugar um governo fantoche.
O povo checo, e em especial a juventude, resistiu como pôde. No entanto, a força bruta dos carros de combate e das patas cardadas dos soviéticos esmagaram a resistência. O jovem Ian Palach, em jeito de revolta, imolou-se pelo fogo contra o ocupante.
No entanto, a resistência naquele país não terminou. Sob a direcção de intelectuais, entre os quais Vaclav Havel, foi aprovada a Carta 77, nove anos depois, em defesa da democracia. Os seus subscritores foram condenados a pesadas penas de prisão, o que só aumentou a vontade de lutar dos democratas.
No dia 17 de Novembro de 1989, uma semana após a queda do muro de Berlim, ruía perante centenas de milhares de manifestantes a ditadura comunista checa, ficando tais acontecimentos conhecidos como "A Revolução de Veludo".
O regime comunista caiu praticamente sem um gemido, tal como a ditadura de Marcelo Caetano, em 1974, no nosso País. Marcelo e os comunistas checos estavam claramente isolados dos respectivos povos.
O politólogo americano Samuel Huntington afirmou, aliás, ter o nosso 25 de Abril aberto caminho à queda de ditaduras de direita e de esquerda na Europa e no resto do mundo.
Passados estes 15 anos, a Checoslováquia dividiu-se pacificamente em dois países: a República Checa e a Eslováquia. A República Checa, em consequência da democratização e liberalização económica iniciadas pelo intelectual Havel, entretanto eleito Presidente da República, registou um considerável desenvolvimento social.
Por Manuel Silva