11 DE SETEMBRO, DATA AZIAGA

No dia 11 de Setembro de 1973, Pinochet instaurava uma ditadura militar no Chile. Há que esclarecer que até três anos antes (1970), o Chile era um oásis de democracia, no meio das ditaduras de direita, normalmente militares, cleptocráticas e serventuárias do capitalismo mais selvagem, na América Latina. Já naquele tempo, a situação social do Chile era a melhor de todo o continente sul-americano. Existia ali uma classe média maioritária.
Em 1970, uma coligação de esquerda, liderada pelo Partido Socialista, vincadamente marxista, de Salvador Allende - futuro primeiro-ministro - e que integrava os comunistas e uma parte da extrema-esquerda -, derrotou os democratas-cristãos de Eduardo Frei.
De seguida, o governo de Allende procedeu a nacionalizações e apropriações de terras que levaram a acentuada quebra da economia, com elevados desemprego e inflação, originadores de grandes protestos. O MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária) criou milícias que desdenhavam dos militares e da polícia. Começou a reinar um clima de anarquia propiciador do golpe de 11/9/73, na sequência do qual Pinochet e os seus sequazes procederam a prisões e assassinatos em série de oposicionistas.
É certo que na altura, para combater o comunismo, os americanos fecharam os olhos aos crimes da ditadura. A CIA também não terá as mãos limpas no respeitante ao golpe. Mas se Pinochet realizou um referendo que levou ao seu afastamento, tal deveu-se à pressão exercida por Reagan, na segunda metade dos anos 80 do século passado. A imunidade parlamentar de Pinochet foi levantada, a fim de responder em Tribunal pelos seus crimes. Não é revanchismo, mas um acto de justiça face a um ditador com as mãos manchadas de sangue.
Em 11 de Setembro de 2001, loucos fanáticos fundamentalistas islâmicos atacaram as torres de Nova Iorque e o Pentágono, matando milhares de pessoas. Mais do que aos EUA, tratou-se de um ataque a todas as democracias, que tais bandalhos (não merecem outro nome) pretendem destruir, a fim de instaurar uma teocracia islâmica mundial. Perante tão bárbaro acto que fazer? Conversar com Bin Laden e a sua corja? O que pediriam em troca? Que abdicássemos da liberdade de que usufruimos? Não! A atitude certa era a de responder perseguindo os terroristas militar e policialmente onde se encontrem, sendo certo que tal guerra, pois de guerra se trata, teria de durar anos. Também a II Grande Guerra Mundial durou 6 anos e custou milhões de mortos para que os nazis fossem derrotados e não fôssemos dominados pelo Bin Laden da época, o nacional-socialista Hitler. Foi o que fizeram os americanos, agora, como na década de 40.
Três anos depois, a guerra não está ganha, mas foram dadas machadadas fundamentais no terrorismo, com a prisão de muitos dos seus dirigentes e operacionais. Foi derrubado o regime medieval dos talibans, no Afeganistão. Foi derrubada a tirania de Saddam e do baasismo, outra mistura explosiva de nacionalismo e socialismo terceiro-mundista. Recordamos, a propósito, que o já falecido Melo Antunes dizia em 1975 que o ideal para Portugal seria um regime como o do Iraque!...
É certo que não foram encontradas armas de destruição maciça no Iraque, mas elas existiram e contrariamente a várias decisões da ONU, Saddam nunca provou tê-las destruido, sabendo que por tal motivo poderia ser, como foi, atacado. E teve tempo de sobra para esconder tais armas, tentando virar a opinião pública internacional contra os países da coligação. Terá aprendido tais métodos com o "guia genial dos povos", Estaline, por ele tão apreciado.
É certo que não terminou o conflito israelo-palestiniano, outro dos motivos para o ataque ao Iraque. Sou crítico de muitas das posições radicais de Sharon. No entanto, também critico as instituições da UE para não darem ouvidos a Bush, no sentido de pressionar esse estorvo à paz, que é Arafat, a abandonar a liderança da OLP, a fim de na mesma ser colocado um moderado que pudesse dialogar com Israel. Certamente, a sua moderação levaria ao abrandamento do radicalismo de Sharon.
No Iraque continuam os combates. Mas é ou não verdade que o governo actual é representativo de forças políticas e religiosas claramente maioritárias naquele país? É ou não verdade que existe a liberdade de manifestação e expressão inexistente no tempo do ladrão do povo e fascínora Saddam? Os que desencadeiam o terrorismo na antiga Mesopotâmia são os inimigos da democracia, pois sabem contagiar o futuro regime democrático iraquiano todo o Médio Oriente. Tal será um passo importante para o fim do terror islâmico.
Também em Portugal, após o 25 de Abril, a esquerda comunista não queria eleições, prevendo o seu resultado que foi o princípio do fim do seu projecto totalitário então em curso. Esta esquerda e os nostálgicos do salazarismo desencadearam vários actos violentos durante o PREC. Estivemos à beira da guerra civil. Felizmente, as forças democráticas civis e militares foram vencedoras, sem recorrer à guerra. Mas se a mesma fosse inevitável? A culpa era do 25 de Abril? Seria melhor ter ficado tudo como dantes? Era uma resposta que gostaria de ouvir da esquerda anti-americana, a qual se pode preparar para averbar mais uma derrota, a nível internacional, pois poucas dúvidas há de que Bush será reeleito. Já que a tal me desafiou alguém nestes posts, aqui vai a resposta: se fosse americano votaria em Bush. Na América, sou apoiante da ala esquerda dos republicanos, especialmente dos neo-conservadores, muitos deles vindos, como eu, da esquerda radical.
Para terminar: o terrorismo combate-se com firmeza e não com transigências. Os ataques, além da Espanha, em países árabes moderados, como a Indonésia, ou Marrocos, ou o massacre de crianças na Rússia, não são a prova cabal de que toda a luta militar e policial é pouca para destruir os inimigos da paz e da liberdade?
Por
Manuel Silva.