23.11.09

A IRONIA E A MAIÊUTICA EM (JOSÉ) SÓCRATES
Por Manuel Silva

A taxa de desemprego já vai em quase 10% da população activa. Segundo afirmava, na última edição do "Expresso", Nicolau Santos, o desemprego real andará à volta de 11% daquela população.

No dia em que aquele primeiro número foi conhecido, surgiram no noticiário das 20:00 horas, no canal 1 da RTP, desempregados, já na meia idade, que mais pareciam personagens saídas de "Um Conto de Natal", de Charles Dickens, de "Os Miseráveis", de Vitor Hugo, ou do "Germinal", de Émile Zola, a falar da sua falta de esperança num futuro melhor.

Sobre esta questão, que pode vir a tornar-se explosiva e sobre casos de corrupção, como o "Freeport" ou "Face Oculta", o primeiro-ministro imita bem o seu homónimo grego Sócrates, considerado o pai da filosofia, no respeitante ao que considerava ironia, quando dizia :"só sei que nada sei".

Relativamente à maiêutica socrática (conhece-te a ti mesmo), mãe da teoria do conhecimento, aos costumes diz nada.

E, como cantava Fausto, há mais de 30 anos, "(...) assim se faz Portugal. Uns vão bem e outros mal". Mas, como eu já ouvia em criança, também "não há bem que nunca acabe, nem mal que sempre dure".