29.12.04

8 ½
Título original: Otto e Mezzo
De: Federico Fellini
Argumento: Federico Fellini, Tullio Pinelli
Com: Anouk Aimée, Claudia Cardinale, Marcello Mastroianni, Sandra Milo
Género: Dra
Classificacao: M/12
ITA, 1963, Cores, 114 min.



«Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) é um realizador que está a tentar ultrapassar uma crise de inspiração. Durante uma estadia numas termas, todos os seus fantasmas lhe aparecem, como que em sonhos, misturados com as pessoas reais que frequentam o local ou que o vêm visitar: familiares, actores, produtores e até críticos. Como não consegue encontrar soluções para o seu próximo filme, Guido mergulha nas recordações de infância e a sua imaginação divaga. E quando já se prepara para abandonar o projecto, todas as personagens lhe voltam a aparecer. Guido junta-as todas e dá a ordem de filmar. "8 ½" é um dos grandes clássicos de Fellini, e a personagem de Guido é, no fundo, um auto-retrato do próprio realizador à procura de novo ímpeto de criatividade. O filme, de 1963, com o qual Fellini foi nomeado para o Óscar de Melhor Realizador e com o qual ganhou o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, é agora reposto em cópia nova». (in, Público)



«...ver Fellini 8 e 1/2 não é ir ao museu, é olhar para diante». (Jorge Leitão Ramos, in Expresso de 18/12/2004)



«Sem dúvida, o melhor filme de Fellini, ao lado de Os Inúteis». (M. Cintra Ferreira, in Expresso de 24/12/2004)
O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber
Título original: The Phantom of the Opera
De: Joel Schumacher
Com: Gerard Butler, Minnie Driver, Patrick Wilson
Género: Dra, Mus
Classificacao: M/12
Estúdios: Joel Schumacher Productions, Really Useful Films
EUA/GB, 2004, Cores, 143 min.



Por entre as sombras do teatro onde vive Christine Daae (Emmy Rossum), a inocente menina do coro, a voz dele chama por ela, estimulando o seu extraordinário talento. Só uma bailarina do corpo de bailado, Madame Giry (Miranda Richardson), sabe que o misterioso Anjo da Música de Christine é, na verdade, o Fantasma (Gerard Butler), um desfigurado génio musical que habita as catacumbas do teatro, aterrorizando o grupo de artistas que ali vive e trabalha. Quando a temperamental diva La Carlotta (Minnie Driver) abandona a última produção da companhia a meio dos ensaios, os novos gerentes não têm outra opção senão confiar em Christine como protagonista. A hipnotizante noite de estreia seduz não só o público como o Fantasma, que faz dela a sua protegida e tudo fará para a tornar a próxima estrela. Mas ele não é o único enfeitiçado pela jovem soprano: Christine depressa se verá cortejada pelo Visconde Raoul de Chagny, o rico benfeitor. Embora encantada pelo seu carismático mentor, Christine é, indiscutivelmente, atraída pelo belo Raoul, enfurecendo o Fantasma e criando uma atmosfera propícia ao dramático crescendo de grandes paixões, ciúmes violentos e amores obsessivos que ameaçam conduzir os infelizes amantes para um beco sem saída.
Andrew Lloyd Webber, um dos mais conhecidos produtores e compositores de musicais ("Jesus Christ Superstar", "Evita", "Cats") adaptou para a Broadway "O Fantasma da Ópera", romance de Gaston Leroux (1911) e em, em 1998, propôs ao realizador Joel Schumacher dirigir a versão cinematográfica. (in, Público)



«Há em O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber algo que vai fazer este filme perdurar para além dos acordes de "Music of the Night" e das outras canções arquiconhecidas. Refiro-me a Emmy Rossum». (Jorge Leitão Ramos, in Expresso de 24/12/2004)
LIÇÕES DE MARKETING

1) Você vai a uma festa, vê um mulherão do outro lado da sala, caminha até ela e diz: "Olá, eu sou óptimo na cama! Tás a fim?". Este, é o MARKETING DIRECTO.

2)Você vai a uma festa, vê um mulherão do outro lado da sala, dá um toque numa amiguinha sua, que vai até o mulherão e diz: "Oi, meu amiguinho ali é demais na cama. Tás a fim?". Isso é PUBLICIDADE.

3)Você vai a uma festa, vê um mulherão do outro lado da sala, dá um jeito de conseguir o número do telemóvel da criatura, liga e fala: "Oi, eu sou óptimo na cama. Tás a fim?". Isso é o TELE-MARKETING.

4) Você vai a uma festa, vê um mulherão do outro lado da sala. Você a reconhece!!! Vai até ela, refresca sua memória, conta umas mentirinhas para ela rir e aí tasca na directa: "Oi, eu sou óptimo na cama. Tás a fim?". Este é o GRC - GERENCIAMENTO DE RELAÇÕES COM O CLIENTE.

5) Você vai a uma festa, vê um mulherão do outro lada do sala. Você baixa a cintura da calça, bota um boné com a aba para trás e vai até ela cantando e dançando a Dança da Motinha. Dá um sorriso de Tarcísio Meira, faz cara de Paulo Zulu, começa a conversa mole, elogiando a criatura, a mãe dela, o pé dela (a bunda dela, não, tá?), diz que sonhou a vida toda com ela, pergunta, cavalheiristicamente, se pode sentar-se ao lado dela e solta: "Oi! Eu sou óptimo na cama, tás a fim?". Esta é a ESTRATÉGIA AGRESSIVA DE VENDAS.

6) Você vai a uma festa, vê um mulherão do outro lado da sala, e... Imagine... ELA VEM ATÉ VOCÊ e diz: "Oi, gatão. Ouvi dizer que você é óptimo de cama. Tá a fim?". Este sim é O PODER DA MARCA.

28.12.04


Sigmar Polke
Woman at the Mirror
1966
Acrylic on fabric
125 x 80 cm
Private collection, London

26.12.04

Sabia que...


...a frase inglesa "The quick brown fox jumps over the lazy dog" utiliza todas as letras do alfabeto? Foi criada pela Western Union para testar as suas telecomunicações telex!



...quando o café "A Brasileira" vendeu os primeiros expressos em Lisboa, o público achou-os amargos. Daí que o proprietário da casa inventou um 'slogan' para ajudar nas vendas: "Beba isto com açúcar". E pegou. Hoje, a palavra foi reduzida às suas iniciais: BICA!

24.12.04

OS HOMENS QUE NÃO FORAM MENINOS



Nos anos 40 do século passado, o escritor neo-realista e dirigente do PCP, Soeiro Pereira Gomes, publicou o livro "Os Esteiros" - que dedica a todos os homens que não foram meninos - sobre as duras condições de vida de crianças sujeitas ao trabalho infantil, em fábricas da indústria cerâmica, no Ribatejo daquele tempo.

Jerónimo de Sousa, actual líder do mesmo partido, foi um desses homens, pois começou a trabalhar aos 14 anos, como operário, quando deveria estar na escola. Essa situação e todas as circunstâncias em que foi criado levaram-na à opção pelo PCP e estão na origem da sua ortodoxia.

No mundo inteiro, muitos trabalhadores e intelectuais bem intencionados efectuaram a mesma opção ideológica. No entanto, em nome do paraíso terreno, o comunismo criou um autêntico inferno, tendo acabado em quase todos os países em que foi implantado. Mais que uma utopia, foi um embuste e uma tirania.

O capitalismo democrático, regulado pelo Estado de direito é que melhorou significativamente as condições de vida dos operários e demais trabalhadores.

No entanto, há meninos que não sabem o que é ser criança, como Jerónimo de Sousa e tantos outros meninos de gerações anteriores e posteriores à sua no Ribatejo e outras localidades do nosso país. Há muitos milhões de crianças (e também de adultos) a morrer à fome. Há muitos milhões de homens e mulheres que não só não foram meninos como não vêem a sua dignidade ser respeitada.

Como dizia um texto publicado na "Gazeta da Beira" há uns bons 20 anos, o Natal ainda não é de todos. No nosso País e na nossa região, nas últimas décadas a situação social mudou muito e para melhor. No entanto, ainda há muita criança e muito adulto, especialmente os sem-abrigo, para quem esta quadra não é festiva.

Como dizia, há alguns anos, o então bispo de Setúbal, D. Manuel Martins, "um governo que não combate a pobreza e a miséria é um governo imoral". Procuremos, políticos e sociedade civil, iniciar o caminho do futuro por esta gente. Lembremo-nos dela pelo Natal, mas recordemos uma passagem de uma música do padre Zezinho: "tudo seria bem melhor se o Natal não fosse um dia". Que também para os pobres e miseráveis o sol brilhe e possa ser Natal todos os dias. Foi, além da expiação dos pecados dos homens, para isso que Cristo veio ao mundo, nasceu e viveu pobre. Para nos dizer que a riqueza e a pobreza são morais e que a riqueza deve ser criada, mas também usufruida por todos.

Os liberais foram os vencedores das últimas décadas, porque diminuiram e muito a pobreza e a miséria. Se são capazes ou não de combater as condições sociais degradantes ainda visíveis, embora minoritárias, no mundo desenvolvido, e maioritárias em muitos países do terceiro mundo, eis o grande desafio que se lhes coloca na era da globalização.

A todos um feliz Natal.

Por Manuel Silva

20.12.04

CUIDADO COM CERTOS INDEPENDENTES...



O Prof. Valadares Tavares, catedrático do IST, foi sempre um independente situado na área do PSD, tendo sido apontado como possível ministro da Educação aquando da formação dos governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes.

Nos artigos que publica no "Diário Económico" sempre tem defendido posições liberalizantes, críticas dos socialismos e próximas, em termos ideológicos, do PSD.

Espanto dos espantos: esteve presente num jantar promovido pelo PS, na passada sexta-feira, tendo discursado em apoio de José Sócrates, ali presente, enquanto candidato a primeiro-ministro.

Eis mais um caso de certos "independentes" que estão sempre com o poder. Já houve outros. Em 1987, quando se previa que Cavaco Silva venceria as eleições então realizadas, também obteve o apoio de alguns intelectuais independentes que sempre se afirmaram de esquerda, como Rui Feijó ou Manuel Vilaverde Cabral, os quais, posteriormente, regressaram às origens, apoiando o PS.

Outro independente, Nuno Ribeiro da Silva, secretário de estado da juventude e da energia do governo de Cavaco Silva, em 1999, porque lhe cheirava a vitória de Guterres, apareceu a apoiar o PS.

Estes pseudo-independentes têm, de facto, uma enorme capacidade de se adaptarem às mudanças ainda antes de elas acontecerem, desde que sejam previsíveis.

À excepção de Pessoas como João Carlos Espada ou o director do "Público", José Manuel Fernandes, os quais não andam à procura de lugares, nem querem fazer política partidária, apenas se preocupando com o debate e influência de ideias, sempre desconfiei de quem diz "sou independente, situado entre o PSD e o PS". Essa "independência", como se vê, dá para estar sempre com o poder.

Como dizia Pitigrilli, "há intelectuais que lembram as prostitutas que se entregam a Deus quando o diabo já as não quer". Com o devido respeito, acrescento eu, pelas prostitutas...

Por Manuel Silva

19.12.04

Saved - Quem Nos Acode! (ACTUALIZADO)
Título original: Saved!
De: Brian Dannelly
Com: Jena Malone, Macaulay Kulkin, Mandy Moore
Género: ComDra
Classificacao: M/12
EUA, 2004, Cores, 92 min.



«Mary é uma rapariga cristã bem comportada, que tem bons amigos e um namorado exemplar, Dean. A sua vida parece perfeita até descobrir que o namorado é homossexual, que está grávida e que todos os seus amigos parecem ter-se virado contra ela».
(in, Público)



«Uma sátira à exploração da religião na América de Bush».
(Manuel Cintra Ferreira, in Expresso de 18/12/2004)

«Eis um filme muito mais relevante do que a sua aparência indicia». (Jorge Leitão Ramos, in Expresso de 24/12/2004)

18.12.04

A DIGNIDADE FEMININA, O CONSERVADORISMO SOCIAL E O RELATIVISMO


Mário Vargas Llosa

No passado dia 10 de Dezembro, o DNA, caderno ilustrado do "Diário de Notícias", publicava um artigo do escritor peruano Mário Vargas Llosa, que havia sido inserido numa edição do jornal espanhol "El País", o qual versava sobre dois livros escritos por duas autoras espanholas, retratando a vida de duas mulheres em épocas diferentes, naquele País.

Um dos livros fala de uma jovem estudante liceal, filha de pais pobres, vítima da hipocrisia moral bafienta e da repressão sexual, ligada à repressão e censura sociais e políticas, na Espanha franquista do pós-guerra civil (início dos anos 40 do século passado).

A atitude daquela jovem não é pacífica, mas de luta contra tal situação. Aquele livro é um libelo contra o reaccionarismo social de certa direita.

O outro livro fala de uma jovem desinibida na Espanha democrática, no final dos anos 80, onde as pessoas da sua idade vivem a liberdade sem censura, em consequência da instauração do regime democrático. Como é natural após a queda de ditaduras, a liberdade juvenil conduz a alguns excessos, em parte por influência do relativismo cultural que Llosa, apesar da sua condenação veemente do conservadorismo social, considera desumanizante.

Se o conservadorismo é castrador, o relativismo defendido por certa esquerda não só desumaniza como pode levar, na prática, ao repudiar a aplicação de regras e limites à liberdade individual, dentro do princípio de que a liberdade de cada um acaba onde a dos outros começa, à destruição da liberdade geral.

O multiculturalismo é uma das teorias preferidas dos relativistas de esquerda (é que também os há de direita), como é o caso, em boa parte, do "nosso" BE. Dois temas abordados na última edição do "Expresso" demonstram que deve haver limites no tocante ao multiculturalismo. Um desses temas fala de uma jovem palestiniana que os pais e irmãos queimaram viva por ter ficado grávida de um namorado, sendo solteira. Gostava de saber o que acham os esquerdistas da direcção da OLP de tais práticas. Que tenha conhecimento, nunca as condenaram.

Aquela jovem foi socorrida num hospital de onde, após lhe ser concedida alta médica, partiu para a Suíça, na companhia de uma senhora natural deste país, pertencente a uma ONG que luta pela defesa dos direitos das mulheres.

Outro tema desenvolvido no jornal dirigido por José António Saraiva fala dos confrontos existentes com islâmicos na Holanda, na sequência do assassinato de Van Gogh.

As peças jornalísticas a que nos referimos constituem libelos contra o conservadorismo retrógrado de alguma direita tradicional e o relativismo moral e filosófico de certa esquerda, ora radical, ora dita "liberal".

Os trabalhos publicados no "Expresso" provam que deve haver limites para o multiculturalismo e a tolerância face a tradições diferentes. Essas tradições só são aceitáveis quando inseridas no respeito pela liberdade e os direitos humanos.

Por Manuel Silva

16.12.04

PEDRO, PAULO E OS PODEROSOS (ECONOMICAMENTE)


Paulo Portas afirmou ter havido pressões da banca na origem da dissolução do parlamento pelo PR, sem, no entanto, apresentar quaisquer provas do que dizia. Agora, é o seu amigo Pedro (Santana Lopes) que afirma ser o seu governo vítima dos poderosos, do ponto de vista económico.

O governo mais à direita após o 25 de Abril surge com uma linguagem parecida à da esquerda mais tradicional. Só lhes falta dizer "abaixo o capitalismo", coisa que nenhum socialista afirma nos dias de hoje.

Como afirma o liberal, admirador de Margareth Thatcher e Ronald Reagan, Mário Vargas Llosa, "o capitalismo mostrou-se o sistema mais eficaz no que tange ao desenvolvimento científico e tecnológico e mais capaz de criar riqueza. No entanto, só por si, é um sistema amoral e injusto".

Aquele escritor peruano diz ainda ser o capitalismo apenas um sistema económico e não uma ideologia, tendo permitido uma melhoria significativa da vida da generalidade dos cidadãos quando regulado pelo Estado de Direito. Em sua opinião, o liberalismo é a síntese entre capitalismo, liberdade e democracia, devendo o Estado de direito democrático regular o sistema capitalista, assegurando a concorrência.

Ainda no mesmo artigo em que foca aquelas questões, publicado no "El País", de Espanha, Vargas Llosa mostra-se preocupado com o avanço do capitalismo selvagem, o qual poderá corromper e destruir as democracias, e com a constatação de que há multinacionais a mandar mais que alguns governos ou mesmo a controlar tais governos. Preocupações parecidas têm sido afirmadas pelo Papa João Paulo II.

Curiosamente, nunca se viu o Pedro e o Paulo preocuparem-se com tais questões. Ambos se afirmam cristãos. Mas, para o ser, não basta ir à missa e rezar para a fotografia...

Porque nunca denunciaram empresários quando não pagavam salários aos operários e compravam Ferraris, como aconteceu no Vale do Ave? Porque nunca os vimos apelar à globalização da solidariedade, a par da globalização económica, como apela também João Paulo II? Porque ficam mudos e quietos perante certas "deslocalizações" selvagens de multinacionais, lançando famílias (que tanto trazem na boca) de trabalhadores na miséria? É ou não verdade terem feito cedências à banca no tocante a impostos aquando da aprovação do OGE?

Por momentos, cheguei a pensar ter voltado a militar num partido dirigido por um destacado marxista, embora muito mais limitado política e culturalmente que o grande educador, cuja educação rejeitei...

Voltando a falar a sério: é evidente que o Pedro e o Paulo não viraram à esquerda. Aquelas afirmações acerca dos poderosos devem-se a mera demogogia que já não engana ninguém minimamente lúcido e ao facto de os agentes económicos verem nos mesmos total incompetência em potenciar políticas desenvolvimentistas, sem as quais, aliás, é impossível melhorar a situação social dos menos favorecidos.

Por Manuel Silva

14.12.04

Cenas da criação...



No princípio Deus criou os céus e a Terra. E a Terra não tinha forma e a escuridão reinava.

E Satanás disse: 'Não vai ficar melhor do que isto'.

E Deus disse: 'Faça-se Luz' e a luz surgiu.

E Deus disse: 'Que cresça a erva, que a erva dê semente, que da semente cresçam árvores de frutos' e Deus viu que isto era bom.

E Satanás disse: ' Lá se vai a vizinhança'.

E Deus disse: 'Façamos o Homem à nossa semelhança, e deixemo-lo ter o domínio sobre os peixes do mar, e sobre os animais que voam e sobre o gado e sobre toda a Terra'.

E Deus criou o Homem a sua imagem: macho e fêmea foram criados por ele. E Deus olhou para o Homem e para a Mulher e viu que eles serviam aos seus propósitos.

E Satanás disse: 'Já sei como vou ganhar este jogo'.

E Deus povoou a Terra com brócolos e couves-flores e espinafres e milho e vegetais verdes e vegetais amarelos de todas as espécies, de forma a que o Homem e a Mulher pudessem viver longas e saudáveis vidas.

E Satanás criou o MacDonald's e a promoção de dois Big Macs a quinhentos escudos.

E Satanás disse ao Homem: 'Queres as batatas fritas com quê?'

E o Homem disse: 'Pacote Mega e maionese' e o Homem engordou 5 quilos.

E Deus criou o iogurte saudável, para que a mulher pudesse manter a sua forma esbelta de que o Homem tanto gostava. E Satanás criou o chocolate. E a Mulher engordou cinco quilos.

E Deus disse:' Experimentem a minha salada fresca e estaladiça'.

E Satanás criou os pratos de bacalhau com natas e açorda de marisco. E a Mulher engordou 10 quilos.

E Deus disse: 'Enviei-vos bons e saudáveis vegetais e o azeite para que os possam cozinhar'.

E Satanás inventou o óleo vegetal, a galinha frita e o peixe frito. E o Homem ganhou dez quilos e os níveis de colesterol bateram no tecto.

E Deus criou os sapatos de corrida e o Homem perdeu aqueles quilos extra.

E Satanás criou a televisão por cabo com controlo remoto para que o Homem não tivesse de se levantar para mudar de canal entre a SIC 10 horas e o canal Playboy. E o Homem ganhou mais vinte quilos.

E Deus disse: 'Estás a passar das marcas, Demónio' e Deus criou a batata, um vegetal naturalmente baixo em calorias e nutritivo.

E Satanás tirou a saudável pele, cortou em palitos o miolo e fritou-as em óleo vegetal. E com o resto do miolo criou o puré de batata com natas.

E o Homem agarrou no controlo remoto, nas batatas fritas, no puré e noutros pratos e foi ver televisão, carregando-se de colesterol.

E Satanás disse: 'Isto é bom.'

E o Homem teve um ataque cardíaco.

E Deus criou a intervenção cirúrgica cardíaca.

E Satanás criou o sistema de saúde português...

Paz...



...ou guerra?
APENAS A LÍNGUA PORTUGUESA NOS PERMITE ESCREVER ISTO...

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres.

Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.

Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente,pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.

Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo. Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.

Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo,poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente,pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus.

Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.

Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.

Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos.

Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas.

Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando..."
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar...

Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, parei. PRONTO...

11.12.04

GOVERNO DESPEDIDO POR INCOMPETÊNCIA

A comunicação do Presidente da República ao País não deixa dúvidas. O governo foi despedido por incompetência, em consequência da sua visível descoordenação e incapacidade de realizar reformas estruturais.

No próximo dia 20 de Fevereiro, é previsível a vitória do PS e a eleição de José Sócrates para o cargo de primeiro-ministro, essencialmente por demérito da facção de direita que ocupa o aparelho do PSD e não por mérito próprio, como afirma Vasco Pulido Valente na edição de hoje do "Público".

Sócrates é o Santana do PS: superficialidade mediática a rodos e ausência de um projecto concreto e definido para a Nação.

Como afirma Cavaco Silva, a classe política e - o que é mais grave - o poder executivo, continuará a estar entregue à incompetência.

Mas, como afirma o Professor, é tempo de as elites afastarem os políticos incompetentes. É nesse sentido que deve apontar o "rassemblement" do PSD no pós-santanismo: encontrar uma direcção e um líder credíveis e competentes. Como dificilmente Cavaco quererá voltar a dirigir o seu partido e a exercer as funções de primeiro-ministro, os sociais democratas deverão começar já a pensar em alguém credível, como Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes ou António Borges para a futura liderança, criando condições para o PSD voltar a ser o partido reformista e inconformista fundado por Francisco Sá Carneiro, regressando um dia ao poder, a fim de efectuar as mudanças necessárias à construção de um Portugal moderno e desenvolvido económica e socialmente.

Por Manuel Silva

As vigas da nova ponte...

...são as maiores do país!

(in, Jornal do Centro)

10.12.04

Sondagem Eurequipa/Notícias de Vouzela: se as eleições autárquicas fossem hoje, a votação para a Câmara Municipal de São Pedro do Sul seria qualquer coisa como:

71,2%
António Carlos Figueiredo


7,5%
Vítor Barros

(in, Notícias de Vouzela, de 10/12/2004)

9.12.04

Saiba qual o seu hemisfério político...


Um homem anda por uma estrada perto de uma cidade, quando percebe a pouca distância, um balão voando baixo. O balonista acena-lhe desesperadamente, consegue fazer o balão baixar o máximo possível e grita-lhe:

"Ei, você, poderia ajudar-me? Prometi a um amigo que me encontraria com ele às duas da tarde, porém já são duas e meia e nem sei onde estou. Poderia dizer-me onde eu me encontro?"

O outro homem, com muita cortesia, respondeu:

"Mas claro que posso ajudá-lo! Você se encontra num balão de ar quente, flutuando a uns vinte metros acima da estrada. Está a quarenta graus de latitude norte e a cinquenta e oito graus de longitude oeste."

O balonista escuta com atenção e depois pergunta-lhe com um sorriso:

"Amigo, você é engenheiro?"

"Sim, senhor, ao seu dispor! Como conseguiu adivinhar?"

"Porque tudo o que você me disse está perfeito e tecnicamente correcto, porém essa informação é-me totalmente inútil, pois continuo perdido. Será que não tem uma resposta mais satisfatória?"

O engenheiro fica calado por alguns segundos e finalmente pergunta ao balonista:

"E você, não será por acaso um social-democrata?"

"Sim, sou realmente filiado no PSD. Como descobriu?"

"Ah! Foi muito fácil! Veja só: você não sabe onde está nem para onde vai. Fez uma promessa e não tem a mínima ideia de como irá cumprí-la e ainda por cima espera que outra pessoa resolva o seu problema. Continua exactamente tão perdido quanto antes de me perguntar. Porém, agora, por um estranho motivo, a culpa passou a ser minha..."

PAULO PORTAS E AS FUGAS

Paulo Portas afirmou num comício "combatemos e não fugimos".

Então, porque abandonou as funções de deputado pelo círculo de Aveiro quando o seu partido, então liderado por Manuel Monteiro, não o elegeu líder do grupo parlamentar, motivando a seguinte afirmação do deputado socialista daquele distrito, o meu amigo e adversário Dr. Carlos Candal: "Paulo Portas virou-nos as costas, salvo seja"?

Quem pôs fim à AD em 1999? Marcelo Rebelo de Sousa havia-lhe dito que o PSD não o queria na liderança do CDS. Se o que o motiva na política é o interesse nacional, abandonaria a liderança do seu partido, ou não?

Estes factos só mostram a incoerência e a "confiança" que Portas merece. Só um país ensandecido elegeria uma coligação de que faça parte. Infelizmente, o actual aparelho do PSD não pára de o bajular, apesar das farpas que ele e os seus companheiros lhe vão endereçando. Por essas e outras, também o PSD irá, por certo, ficar afastado do poder por muitos e bons anos e será responsável pela entrega da governação a outro incompetente, caracterizado essencialmente pela superficialidade mediática idêntica à de Santana: José Sócrates.

Por Manuel Silva

8.12.04

OS 80 ANOS DE MÁRIO SOARES

Mário Soares completou 80 anos. A si se deve, em grande parte, a democracia e a liberdade que hoje se respiram, pelo papel que teve na luta contra a ditadura salazarista e contra a tentativa de instauração de outra ditadura de sinal contrário, pelo PCP e seus "compagnons de route" políticos e militares, tendo sido um dos vencedores da contra-revolução democrática que pôs fim ao PREC e deu início a uma democracia pluralista e ao Estado de Direito democrático em 25 de Novembro de 1975.

Não foi um bom primeiro-ministro. Embora os seus governos tivessem reequilibrado as finanças públicas, fizeram-no com graves consequências económicas e sociais, nos períodos de 1976/78 e 1983/85, porque manteve o sistema socializante herdado do PREC e consignado na Constituição de 1976, o qual só viria a ser alterado na revisão constitucional de 1989, por acordo entre Cavaco Silva e Vítor Constâncio.

Enquanto Chefe de Estado, teve uma boa actuação no primeiro mandato. O mesmo não se pode dizer do segundo mandato, em que foi, na prática, o líder da oposição ao governo de Cavaco Silva. Como as funções do PR são parecidas às de um árbitro no desporto, não é demais afirmar ter sido um árbitro muito, muito parcial.

Mário Soares, enquanto socialista, quase sempre chegou atrasado ao encontro com a História. Foi um dos últimos socialistas europeus a dizer adeus a Karl Marx. No entanto, a partir do momento em que o fez, bateu-se durante alguns anos por posições moderadas, de centro-esquerda. Ainda no seu último mandato na Presidência da República e actualmente, encontramo-lo, de novo, na defesa de um socialismo desactualizado e rejeitado pela generalidade dos seus camaradas da I.S..

Esta é a idiossincrasia do Dr. Mário Soares. Goste-se ou não dele, a História de Portugal já lhe reservou um lugar de destaque nas suas páginas.

No plano ideológico, encontro-me entre os adversários do Dr. Mário Soares. No tocante à defesa das liberdades fundamentais, estou de acordo com ele. Congratulo-me com os seus 80 anos e que continue a intervir política e civicamente por muitos anos.

Por Manuel Silva
Conseguem trocar...



...os sapos pelas rãs?
Sguedno um etsduo da Uinvesriadde de Cmabgirde, a oderm das lertas nas pavralas não tem ipmortnacia qsuae nnhuema. O que ipmrtoa é que a prmiiera e a utlima lreta etsajem no lcoal cetro. De rseto, pdoe ler tduo sem gardnes dfiilcuddaes... Itso é prouqe o crebéro lê as pavralas cmoo um tdoo e nao lreta por lerta...

5.12.04

Vítor Barros é o candidato do PS...

...à Câmara Municipal de São Pedro do Sul.

(in, Jornal do Centro)

Schiele, Egon
Seated Couple (Egon and Edith Schiele)
1915
Gouache and pencil on paper
20 5/8 x 16 1/4 in. (52.5 x 41.2 cm)
Graphische Sammlung Albertina, Vienna

4.12.04

HÁ 24 ANOS FALECIA FRANCISCO SÁ CARNEIRO



No dia 4 de Dezembro de 1980, falecia Sá Carneiro, em consequência de acidente de aviação, existindo fortes suspeitas de que tenha sido vítima de crime.

Sá Carneiro sempre se bateu pela democracia e a liberdade, antes e depois do 25 de Abril.

No tempo da ditadura, integrado no grupo liberal, que viria a liderar, na Assembleia Nacional, entre 1969 e 1973, bateu-se, na qualidade de deputado independente face ao partido único (UN e posterior ANP), pela evolução do regime para uma democracia pluralista. Numa entrevista concedida a Jaime Gama, no jornal "República", em 1972, afirmou-se como social democrata.

Porque Marcelo Caetano, ainda que não fosse tão ditador como Salazar, também não era democrata, e seguia um caminho mais de continuidade do que de evolução, contrariamente ao que dera a entender, em 1973 Sá Carneiro abandona a Assembleia Nacional e continua a bater-se, especialmente em artigos de opinião publicados no "Expresso", pela democracia.

Após o 25 de Abril ajuda a fundar e torna-se o primeiro líder do PPD, actual PSD. O seu projecto de social democracia portuguesa era diferente dos projectos dos partidos sociais-democratas da IS. O PPD não assentava numa ideologia precisa. Era a síntese de partes de ideologias, como afirma Pacheco Pereira: o humanismo cristão, apesar do carácter laico do partido, o liberalismo, na economia e na organização do Estado, e a social-democracia, no tocante a justiça social. Este partido não foi concebido como um partido de direita, mas central e reformista, englobando uma boa parte da direita democrática e liberal, o centro e o centro-esquerda.

A própria AD, que incluia o CDS, o PPM e os Reformadores (dissidentes de direita do PS) não era uma frente de direita, mas um bloco reformista que englobava toda a direita democrática, liberal e conservadora), o centro e a esquerda moderada.

Durante o ano que Sá Carneiro governou, a economia cresceu acentuadamente, o desemprego baixou significativamente e melhorou muito o poder de compra. Era ministro das Finanças Cavaco Silva.

Sá Carneiro morreu pelo País naquele que seria o seu último combate: derrotar nas eleições presidenciais que decorreriam poucos dias depois o então PR, Ramalho Eanes, e o seu projecto de poder pessoal, procurando eleger Chefe de Estado o general Soares Carneiro. Recordamos, a propósito, uma frase histórica do então primeiro-ministro: "os inimigos da democracia portuguesa são o Partido Comunista e o general Eanes".

Os seus seguidores na AD e no governo não souberam ou não quiseram completar a sua obra. Após o governo do bloco central, Cavaco Silva efectuaria muitas das reformas defendidas por Sá Carneiro, na economia e no plano social. O período do chamado cavaquismo foi uma época de ouro na História do nosso País.

Posteriormente, com Guterres, voltámos a ser um País adiado. Como não se pode enganar toda a gente toda a vida, o engenheiro fugiu às responsabilidades, deixando Portugal de tanga. É mesmo a expressão melhor definidora das consequências da sua acção (e também da falta dela).

Com o governo de Durão Barroso, foram tomadas medidas impopulares, correctoras do pântano guterrista e fizeram-se reformas importantes, no âmbito do Estado Providência - na saúde, na educação, na segurança social, etc..

Quando havia condições para o crescimento sustentável da economia, após a escolha de Durão Barroso para Presidente da CE, foi constituido um governo populista, incompetente e sem linha de rumo, chefiado por Santana Lopes, o qual provocou muitos estragos e pôs em causa boa parte da recuperação financeira operada por Manuela Ferreira Leite.

Esse governo tem a sua demissão anunciada. Se Santana for candidato a primeiro-minsitro nas próximas legislativas, provavelmente regressará o guterrismo, com Sócrates à cabeça. Por alguns bons anos, voltaremos a ser um país adiado e, certamente, a atrasar-nos cada vez mais relativamente aos nossos parceiros comunitários. Até que o PSD volte a ser o projecto de Sá Carneiro, adaptado aos novos tempos e deixe de ser aquilo em que se está a transformar com a facção que presentemente o dirige: um partido de direita, sem linha de rumo.

A terminar recordamos uma afirmação do falecido Francisco Sousa Tavares: em Portugal, no séc XX, houve 3 projectos políticos, com pés e cabeça: um de Salazar, outro de Álvaro Cunhal e outro de Sá Carneiro.

Por Manuel Silva

2.12.04



Jorge Sampaio, em Julho, ao não dissolver a AR, teve de ponderar duas vertentes: uma política e outra jurídico-constitucional. Pela primeira, atenta a sua família política e o perfil de Santana Lopes, era aconselhado a dissolver a AR; pela segunda, e em obediência à sua leitura parlamentarista da Constituição, era levado a nomear o Governo de Santana Lopes. Como sabemos, vingou a segunda orientação.

Agora, embora se mantenham válidos os pressupostos da segunda orientação que referimos, pesou na sua decisão de dissolver o Parlamento a leitura estritamente política que fez da actual conjuntura. Embora tal decisão não tenha surpreendido ninguém, objectivamente é difícil de sustentar. A suspeita de que se tentou criar obstáculos a um comentador televisivo (serpente cuspidora de veneno, como lhe chamavam os seus opositores quando era líder do PSD) e, assim, concluir-se pela existência de uma tentativa de intromissão na liberdade editorial da comunicação social (apagando da memória as conhecidas intromissões de Mário Soares na RTP quando era primeiro-ministro, pessoa insuspeita, ainda assim, de não ser democrata), não pode justificar a dissolução da AR; um discurso inflamado de quem se queixa que é atacado por todos, inclusivamente pelos seus correligionários, não pode justificar a dissolução da AR; a demissão apresentada por um ministro que diz as piores coisas do Governo de que fez parte, não pode justificar a dissolução da AR; um artigo de opinião de um ex-primeiro-ministro em que se critica a competência dos políticos actuais (estaria ele também a referir-se ao nosso PR?...), não pode justificar a dissolução da AR.

Todos percebemos a decisão de Sampaio, mas, objectivamente, é difícil fundamentá-la de forma adequada. É inédito nos últimos anos da nossa democracia a dissolução da AR apenas e tão só porque se fez uma avaliação negativa do estilo de um Governo. E levanta-se um precedente: o que impedirá Cavaco de tomar idêntica atitude em relação ao Governo de Sócrates (se se confirmarem as expectativas que sustentam tal enunciação)?

Pedro Santana Lopes será, como tudo indica, o «candidato» a primeiro-ministro. Irá ser uma campanha penosa aquela que a máquina do PSD terá que desenvolver. Que motivação terá o partido para fazer campanha por um líder em que já não acredita (mas que irónica e interesseiramente sufragou no último congresso)?... É que Santana parece estar sozinho. Não se ouviu uma voz crítica, partidariamente relevante (dos chamados barões), em socorro de Santana. Parece que toda a gente concordou com Sampaio!...

Deveria Santana Lopes bater já com a porta e ir-se embora e dar lugar a alguém melhor posicionado, em termos de opinião pública, para disputar as próximas legislativas? A esmagadora maioria laranja deve entender que sim. Mas, na perspectiva de Santana Lopes, ir embora neste momento, seria reconhecer que, de facto, a sua prestação política tinha sido um fiasco e que toda a gente que não tinha acreditado nele esteve bem. Obviamente, não se pode esperar que ele faça semelhante leitura…

José Sócrates, ao contrário do que se espera, poderá não ter uma vitória garantida. Além de ter sido apanhado de surpresa, terá que travar combate com Santana Lopes e Paulo Portas, dois políticos cujas qualidades demagógicas e prestação em campanha não são de menosprezar.

Por outro lado, Sócrates não é alheio à presunção de falta de qualificação e de competência que paira sobre Santana Lopes. Tal presunção é um fantasma que também ele terá que combater.

Paulo Portas sai desta crise governamental com uma boa imagem. Tem-se ouvido dizer, ultimamente, que tem feito um bom trabalho no seu ministério. De resto, os ministros do CDS-PP não foram os que se saíram pior – Bagão Félix aparece-nos como o ministro que ostenta a imagem mais credível.

No entanto, será difícil este partido conseguir um resultado honroso, prevendo-se que volte a ser o grupo do táxi.

Jerónimo de Sousa terá o seu teste mais cedo do que pensava. Conseguirá estar ao nível dos seus antecessores? Como será a sua prestação num debate? Pelo que já se ouviu, a cassete continua a ser reproduzida no lado «A»…

Francisco Louçã poderá ver o BE ascender à terceira força política mais votada. Capitalizará nas camadas mais jovens e beneficiará do facto de haver quem entenda que Sócrates é a outra face da moeda de Santana. Haverá na esquerda quem não se sinta motivado para votar nem no PS (dado o perfil de Sócrates em tudo idêntico ao de Santana) nem no PCP…

Piro

HOPPER, Edward
Nighthawks
1942
Oil on canvas
30 x 60 in.
The Art Institute of Chicago

1.12.04

«Venha a boa moeda expulsar a má...

...nem Santana Lopes, nem Sócrates são boas moedas. São as duas faces da mesma moeda má. É no PSD que se pode encontrar a boa moeda. Cavaco seria a melhor e deveria ponderar as consequências do seu próprio artigo no Expresso. É mais preciso no governo do que na Presidência da República. Se quiser tem tudo e todos com ele.

O PSD tem que perceber que esta é a única possibilidade do oferecer ao país a melhor alternativa, (a alternativa que Santana Lopes dará ao país é o PS e Sócrates), poder ter uma maioria absoluta e fazer as reformas que o país urgentemente necessita. Não é messianismo, é realismo. É só querer.»

Pacheco Pereira, in Abrupto.
Sampaio vai dissolver o Parlamento...



...está cumprido o 1.º objectivo da dupla Marcelo/Cavaco!